Recebi desta um missiva em que informava que «a formação política da Fundação Res Pública está de volta» e dava conta do programa das sessões que irão decorrer em Outubro e Novembro.
Uma plêiade de académicos irá, nesse período, à Av da República proferir 16 palestras sobre outros tantos «autores de referência para o pensamento político e económico progressista».
Certamente muitas destas conferências terão interesse seja pela qualidade dos oradores convidados seja pela importância dos autores em análise.
A escolha dos 16 autores procurou ser criteriosa à luz do que a Fundação considera o "pensamento progressista". Dada a natureza da Fundação certamente estes pensadores da economia e da política são considerados como referências essenciais para o ideário atual do Partido Socialista.
É nesse pressuposto que é curiosos verificar as escolhas: as presentes e as ausentes.Quanto à «modernidade, política, ecologia» lá estão o Anthony Giddens ( "pai" da Terceira Via) e o Ulrick Beck (o teórico da 'Sociedade de Risco').
São escolhas que falam por si mas também ilustram ausência de vários outros.
Compreende-se que Immanuel Wallerstein ou Noam Chomsky, entre outros, tenham ficado de fora. Provavelmente refletem "demasiado progressivamente" a realidade atual.
Como estes vários outros autores relevantes, na área da economia política, da alter-globalização ou mesmo do "pensamento europeu" estão ausentes.
Não se podem abarcar todos ? Certamente que não e por isso as opções, também aqui, adquirem especial significado.
Sobretudo é muito ilustrativa a ausência de qualquer referência aos autores "clássicos" que já foram bandeira do Partido Socialista e que hoje, apesar da sua renovada atualidade, alguns persistem em querer sanear da realidade e do pensamento político português designadamente na área do Partido Socialista.
É pena, mas, infelizmente, não constitui surpresa.
Imagem emblemática do Partido Socialista aquando da sua afirmação no início da atual Republica. Eram, então, outros os pensadores progressistas de referência. |