Astrazeneca e o que mais importa

 

O "tema sensação" destes dias é o das vacinas.
Trata-se de saber como é que estão, ou não estão, a ser distribuídas ?

Questiona-se como é que alguns países açambarcam o grosso das vacinas disponíveis e outros não conseguem aceder aos produtos indispensáveis para salvar os seus cidadãos?

Analisa-se a natureza, dimensão e eficácia da Covax? Fala-se, sequer, disso?

Reflete-se sobre as causas do falhanço da iniciativa da UE para monopolizar e gerir a compra de vacinas?

Debate-se a razão do boicote que a UE está a fazer à compra de outras vacinas que não aquelas poucas que pretendeu privilegiar?

Discute-se que medidas devem (ou não podem?) ser adotadas por Portugal para superar a incapacidade da UE?

Reflete-se sobre a questão essencial de saber até que ponto a salvaguarda da saúde das pessoas pode continuar  refém do negócio da 'Big Pharma' ou se as patentes devem ser libertas para que todos os povos sejam defendidos e constituam barreira ao futuro desenvolvimento da doença?

 

Nada disso! O que alimenta as televisões e os jornais corporativos é o confuso assunto dos efeitos adversos de uma determinada vacina. 

O folhetim Astrazeneca tem tudo para entusiasmar audiências durante uns dias e ofuscar a abordagem de temas mais importantes.

Não falta a confusão, a manipulação e o espaço para as mais variadas teorias (algumas da conspiração e outras nem tanto).

Há mesmo espaço para o hilariante oportunismo da extrema-direita com o Partido 'aventura' a pôr-se em bicos dos pés para culpar a ministra Marta Temido (eles sabem bem quem querem caluniar...) pelas "pelas potenciais consequências devastadoras que a administração desta vacina tenha na população portuguesa"

Ninguém até hoje sabe dizer qual o prazo de imunização das vacinas mas, entretanto, está criado o alarme público face a uma percentagem imensamente baixa de reações adversas em algumas pessoas vacinadas . Comparativamente, por exemplo, as reações adversa à toma da pílula anticoncecional são muito superiores ao que está a suceder com as vacinas anti-Covid19.

Curiosamente o "drama" político-mediático centrou-se apenas na vacina da Astrazeneca. Sobre ela as informações, as confusões e as contradições são imensas.

Todavia os dados disponíveis não parecem fundamentar esta atenção centrada numa vacina ainda que, depois de instalado o pânico, os registos de reações adversas à Astrazeneca tenham duplicado na União Europeia.

Os dados objetivos, até ao início da campanha contra a Astrazeneca, não indiciavam uma situação pior desta face às outras vacinas Aliás, em Portugal, esta vacina continua a ter uma percentagem menor de reações adversas do que as da Pfizer ou da Moderna

 

 

in Observador

 

Veremos os acontecimentos vindouros do folhetim.

Para já algumas coisas podemos perceber:

  • A desconfiança geral face às vacinas contra o Covid19 aumentou exponencialmente
  • A vacina da Astrazeneca está consideravelmente desacreditada
  • As recusas em tomar a vacina da Astrazeneca aumentaram bastante
  • A vacina da Astrazeneca é das três 'impostas' pela UE a mais barata e com menos exigências de transporte e conservação.
  • A vacina da Astrazeneca é uma das mais vendidas até ao momento.
  • Os lucros da vacina da Astrazeneca vão essencialmente para o Reino Unido.

 

Alguma perguntas perecem legítimas:

  • O alarmismo instalado justifica-se por comparação com os efeitos adversos quer de outras vacinas quer de muitos outros medicamentos ?
  • Que guerras financeiras e outros interesses estão por detrás da 'preocupação' com a vacina da Astrazeneca?
  • No combate a um problema de saúde destas dimensões é legítimo que o lucro de muito poucos prevaleça sobre o direito à vida e à saúde de todos ?
  • Quantos milhões de pessoas irão ainda morrer para defesa dos privilégios da 'Big Pharma'?
  • Quantos mais países, inclusive europeus, vão comprar outras vacinas (comprovadamente eficazes, mais acessíveis e mais baratas) até que o Governo português perceba que não ganha nada em querer continuar a ser o 'bom e obediente aluno' da UE?
  • Quando é que os media começam a mostrar o que é importante e não apenas a manipular com o que é acessório?

Este não é o meu PS

 

 


O 'hitlerilas' cá do burgo deve regozijar-se porque o PS deixou de ser "um Partido mariquinhas" (*) e juntou-se ao 'Chega' para aprovar, na Casa da Democracia,  um voto de louvor ao 'herói' da extrema direita.

Os únicos Partidos presentes no funeral de Marcelino da Mata foram o Chega e o PNR/Ergue-te.  Compreende-se que as forças assumidamente fascistas quisessem homenagear um dos seus que aproveitou as terríveis condições de guerra para exercer impunemente os seus mais baixos instintos de selvajaria.

Quando o chefe dos luso-nazis lamentou que o Chega não usasse "as suas prerrogativas para sequer sugerir [no Parlamento] um voto de pesar pelo falecimento de Marcelino da Mata" seguramente não imaginava ser possível que uma maioria negra se constituísse para aprovar tal intenção.

Mas, infelizmente,  aconteceu!

Os deputados do PS, por cobardia ou convicção, deram a mão à extrema direita para enaltecer no areópago maior da República alguém cuja única distinção foi a de ter sido um assumido criminoso de guerra. Os mesmos deputados que se têm 'esquecido' sucessivamente de homenagear vários dos 'Capitães de Abril' entretanto falecidos.

 

De um ponto de vista humanitário os deputados optaram por enaltecer um traidor que fez seu distintivo o mais abjeto terror. Alguém que usando o pretexto da guerra matou, queimou, torturou, estropiou indiscriminadamente civis, mulheres e crianças. Alguém que gostava de 'espicaçar' os soldados portugueses ostentando cabeças e orelhas dos 'turras', que volvidas décadas do fim da guerra se orgulhava em descrever os frios assassinatos que cometera e os requintes de malvadez com que torturava os guerrilheiros do PAIGC. Era um entusiasta do ódio que nem escondia o seu prazer em matar e esquartejar pessoas.

A guerra é algo de indesejável e tendencialmente mau e por isso tem regras e disciplinas incontornáveis. No teatro de operações muitos homens honrados ultrapassam, por vezes, os limites do que fariam noutras circunstâncias. Mas com Marcelino da Mata não é disso que se trata e ele sempre constituiu uma vergonha para a grande maioria dos soldados e oficias que o conheceram na Guiné. Precisamente porque ele era apenas um sanguinário que, protegido pela PIDE, tinha carta branca para usar o terrorismo como 'último recurso' de vingança, de medo e de repressão.

Quanto aos Direitos e Valores Humanos  os deputados do PS puseram-se do lado de quem pretende que a Guerra exclua qualquer sentido ético e seja apenas um campo de indignidade incontida. Com isso negaram os progressos guerreiros que ao longo de séculos foram construídos pelas civilizações e insultaram os milhares de portugueses e africanos que se combateram arduamente sem nunca se confundirem com quaisquer "marcelinos".

 

De um ponto de vista político os deputados do PS ao associarem-se a uma 'maioria vingativa'  liderada pelo Chega cometeram um erro inapelável que, por tão grave, nem cabe aqui analisar.

Dir-se-á apenas que traíram e mancharam a história do Partido Socialista, insultaram milhares de militantes e eleitores do PS e constituíram-se como uma entidade que não justifica qualquer credibilidade à esquerda e dá razão a quantos pensam que a 'gerigonça' foi apenas um oportunismo de sobrevivência quando o PS perdeu as eleições legislativas.

A política é feita de opções e exige clareza de princípios e de ações. Não há 'complexidade' nem 'conjunturas' que justifiquem o voto dos deputados do PS. 

Que o PSD se tenha vergado à vontade da extrema direita não me admira. Mas que o PS se tenha bambeado para o mesmo lado ?!

Alguém disse há uns tempos que o “o PS é um Partido de esquerda que tem uma minoria de direita”. É assim com os militantes de base e os eleitores mas quando os deputados abrem mão de valores essenciais estão a comprovar que no 'aparelho' tudo é ao contrário.

Esse não é o meu PS. Será que existe?

 

Gostem ou não os deputados do PS branquearam o discurso da extrema direita e deram a mão ao fascista do PNR

 



Os deputados do PS irmanaram-se com quem, como Marcelino da Mata,  pensa que a guerra se faz de vingança e terror.

 



 (*)


 

Calem-se, por favor.

 


Não é possível responder à pandemia e  mobilizar os portugueses para a defesa da saúde e das vidas se não houver um mínimo de serenidade e confiança. A descrença, o alarmismo e a cacafonia de 'achismos' e 'opinismos' funcionam mais como agentes de confusão e como desresponsabilizadores do que contribuem para a consciencialização da opinião pública.

Obviamente não se pode pedir aos mass media que deixem de  dar conta da evolução da doença. Desde logo porque a obrigação dos jornalistas é procurar e divulgar informação mas também, infelizmente, porque os mass media andam num desvario de concorrência de audiências e de 'bons serviços' aos interesses dos negociantes da doença.

Mas certamente poder-se-á pedir à plêiade de especialistas,  comentadores, cientistas, conselheiros e outras destacadas figuras da inteligência nacional que se contenham um pouco e que não se deixem manobrar tão 'ingenuamente' pelo uso que deles fazem nos mass media.

Provavelmente é difícil resistir aos 'cinco minutos' de fama que as televisões e os jornais corporativos proporcionam. É legítimo que cada um considere que a sua douta opinião sobreleva tudo o mais que sobre a matéria é dito e que sem ela não iremos conseguir ultrapassar dificuldades. 

Evidentemente que para alguns a pandemia oferece a boa oportunidade de se fazerem destacar com tudo o que isso significa para a sua projeção pessoal e para as suas carreiras. Compreende-se...

Mas, por favor, entendam o cansaço que tem provocado a constante rotatividade de personagens importantes a entrarem-nos pela vida a dentro  cheios de distintas certezas, críticas e 'orientações'.

Nestes meses aprendemos que entre especialistas, sábios e opinadores há certezas para todos os gostos. Se tem havido coisa boa é poder-se testemunhar quão fácil lhes é mudar de 'evidências' que num dia justificam o contrário do que, os mesmos, hão-de defender convictamente uns dias depois.

Naturalmente em ciência falar em 'consenso' só pode ser sinal de fraude. A ciência é, por definição, a dúvida, o provisório e a negação do pressuposto. Mas a ciência também é prudente, contida e desejavelmente discreta.

Querer usar a ciência ou o conhecimento académico para espetáculos quotidianos nos telejornais e nas páginas do 'Expresso' ou do 'Correio da Manhã' só pode dar mau resultado. Sobretudo provoca  saturação,  descrédito e uma enorme irritação perante tanta 'sabedoria'.

Pensem, estudem, trabalhem, opinem e proponham mas façam-no fora da praça pública. Não continuem a correr para o telejornal mais próximo de cada vez que lhes ocorra um pensamento interessante, não se ocupem tão afincadamente em descobrir uma qualquer originalidade para conseguirem meia página, com fotografia, no 'Público'.

É verdade que criticar é indispensável e, em princípio, pode ser útil. É mais que certo que se a crítica for dirigida sistematicamente contra quem tem que conduzir todo o complexo processo de defesa da saúde ou se for no sentido de lançar dúvidas e descrédito sobre o Serviço Nacional de Saúde então, os 'críticos' têm protagonismo garantido nos mass media.

Mas para esse criticismo já há profissionais encartados como Marques Mendes, Paulo Portas e tantos outros. Não é preciso que gente séria e com boas intenções lhes faça concorrência.

Sejamos claros: num tempo em que a luta contra a infeção é tão difícil, volátil e cheia de percalços é indispensável haver coesão na direção e confiança dos cidadãos. Agir conscientemente ou por ingenuidade contra isso é mau  e conduz necessariamente a dois resultados indesejáveis. 

O primeiro, que os decisores políticos, a quem hoje tem de caber a principal responsabilidade, sejam obrigados a deixar de ouvir especialistas, académicos e outros críticos sob pena de o país cair em total inoperacionalidade. 

O segundo o de a ciência e o conhecimento especializado ficar em compreensível descrédito junto dos portugueses cansados de tanto desvario opinatinativo.

Portugal não precisa neste momento de mais 'comités' de especialistas nem de mais académico em compita. Precisa, sim, de trabalho empenhado, constante, apoiado e reconhecido de todos aqueles que, aos vários níveis, estão a 'dar o corpo ao manifesto' para vencer  a pandemia.

Depois virá o tempo dos balanços, 'das facas longas', dos sábios e dos 'interesses'. 

Agora, calem-se, por favor.



 



Preparemo-nos, digo eu aos socialistas.

 

 


Aqueles que acreditaram  (acreditaram mesmo ?) num Marcelo Rebelo de Sousa convertido a um saudável exercício do poder,  sem ambições pessoais nem desvarios desestabilizadores que se cuidem. Já começou a mostrar ao que vem e ainda agora a procissão vai no adro.

A conspiração ao serviço dos seus amigos negociantes da doença parece prioritária. O facto de se estar a atravessar um momento difícil no combate à pandemia facilita a vida aos oportunistas e Marcelo não se esquece que sempre foi contra o SNS e que, na Legislatura anterior,  teve que 'engolir' uma Lei de Bases da Saúde, aprovada pela esquerda do Parlamento, de que discordava por refrear o fanatismo privatista.

Como a sua conhecida experiência de fazer passar recados para os peões ao serviço na Comunicação Social veio agora evidenciar que:

  • vai rasteirar sempre que queira desgastar o Governo:
  • reserva-se ao direito de fazer 'gerrilha' contra os ministro que entender;
  • recorrerá ao manancial do populismo e da mentira logo que isso lhe der jeito;
  • vai servir-se do aliciamento aos poderes facticos (Igrejas, Militares, Monopólios)  em proveito próprio

Sobre o  'murro' de S.Exª há que dizer três coisas.

Primeiro, o combate à pandemia em Portugal continua a ser globalmente positivo apesar da gravidade da situação vivida nas últimas semanas. 

Já agora convirá não esquecer que a má opção de opção de 'liberalizar' no Natal, com as consequências que se reconhecem,  foi em primeira linha pressionada por Marcelo Rebelo de Sousa na sua  calculada ambição de 'comprar' os apoios da Igreja Católica.

Segundo, é mentira que esteja a haver descontrolo na vacinação contra a Covid19. Pelo contrário, a 'campanha' tem estado a decorrer organizadamente e os casos de 'fura fila' e de situações acidentais são percentualmente muito diminutos. 

Neste momento não há maior número de portugueses vacinados porque a atuação das 'big pharmas' tem sido de um vergonhoso mercantilismo e a União Europeia foi incompetente.

Terceiro, a auto-demissão de Francisco Ramos de coordenador da Task Force para as vacinas deveu-se a uma atitude de grande rigor pessoal face a um incidente mínimo com a vacinação na Cruz Vermelha ainda que as insinuações para o seu afastamento, por parte do Ex.mo Presidente já viessem de trás. 

Importa lembrar que o novo Coordenador da Task Force, militar como desejava Marcelo, já era anteriormente membro da Task Force onde tinha a responsabilidade da operação de distribuição das vacinas.

O manobrismo da direita, capitaneado por Marcelo, para 'queimar' ministros e quadros na área do PS é apenas um primeiro passo para a recomposição das forças partidárias que melhor servem aos 'donos disto tudo'. 

Preparemo-nos que muito está para vir...

Felizmente não me incluo nos eleitores do PS que se constituíram como a maioria dos eleitores de Marcelo. Caso contrário já começava a torcer a orelha sem pinga de sangue.



Tristes seres em tempos difíceis.

 


A atenção crítica ao exercício do Poder é não apenas um direito cívico como uma indispensabilidade humana. O seguidismo amorfo e o incondicionalismo interesseiro são dos piores traços comportamentais e dos mais prejudiciais à nossa vida em sociedade.

Quando as dificuldades são maiores é mais fácil e até compreensível que o exercício da critica tenda a acentuar-se e a exprimir-se com maior contundência.

Mas há situações que exigem acrescido sentido de responsabilidade  e uma ponderada contenção.

É, obviamente, o caso da atual grave situação pandémica. A crise sanitária, económica e social em curso é uma realidade excecional, como as atuais gerações de portugueses nunca conheceram,  que reclama uma resposta difícil, permanente e perseverante.

Todos aqueles a quem cabe a intervenção mais direta e constante estão confrontados agora com uma experiência que seguramente nunca desejaram e para a qual não existe um receituário prévio de intervenção. Não lhes resta outra solução senão agirem o melhor que souberem e, sobretudo, que puderem, com continuidade, sem desfalecimentos, desânimos ou desistências. 

É assim para o pessoal de saúde dedicado em permanência a salvar vidas e é também assim para os responsáveis pelo funcionamento de toda a complexa estrutura de resposta à crise desde os governantes aos técnicos, dos cientistas aos funcionários. As pessoas que estão nesta frente têm que responder ás dificuldades operacionais, aos bloqueamentos estruturais e às inevitáveis contrariedades mas têm também que 'fazer das tripas coração' e ultrapassar constrangimentos pessoais, cansaços, quebras anímicas ou resistências psicológicas.

É fácil compreender que, neste quadro, semear descrenças, alarmismos, crispações e conflitualidades só pode ter péssimas consequências. Tal irresponsabilidade tem como inevitável resultado agravar os problemas e a capacidade de lhes responder.

É por isso que é  inaceitável o comportamento que a maioria dos mass media tem tido. É por isso que é difícil compreender o comportamento de alguns que, deslumbrados pelo protagonismo que lhes é facultado, ocupam-se mais em criticar e em, objetivamente, promover a desconfiança do que em contribuir serenamente para solucionar insuficiências e ultrapassar dificuldades.

Pior ainda é o comportamento daqueles que aproveitam a gravidade da situação para colherem benefícios políticos e, ou, pessoais. É triste ver como alguns quadros políticos não resistem ao aproveitamento da crise para capitalizarem simpatias e apoios no plano partidário.

Mas há atitudes que ultrapassam o inimaginável. A atuação dos dois membros do PS, Adalberto Campos Fernandes e Maria de Belém  é um doloroso exemplo de quando a falta de ética se associa com a mesquinhez vingativa e ambiciosa.



As suas recentes intervenções, públicas e amplamente noticiadas, de ataque à ministra da Saúde corporizam o que há de pior na vida política e social: o individualismo exacerbado, a falta de solidariedade, o oportunismo político ou, dito de forma mais prosaica, a sacanagem do vale tudo.

Sabia-se que ambos estes 'ilustres' dirigentes do PS tinham contas para ajustar com o Governo nomeadamente com a sua ministra da Saúde. António Costa tinha-lhes tirado o tapete quando se preparavam para fazer passar uma Lei de Bases da Saúde feita à medida dos interesses mercantis dos negociantes da doença.

Um, Adalberto Campos Fernandes, enquanto ministro e outra, Maria de Belém,  a presidir a uma Comissão criada para o efeito, estiveram à beira de conseguir aprovar uma Lei que promoveria o descalabro final do SNS e abriria totalmente as portas aos chorudos negócios dos quatro grandes grupos financeiros que lucram Milhões com a doença.

António Costa parou, no limite, a manobra que já envolvia Marcelo Rebelo de Sousa. Desfez-se, sem cerimónias, do ministro Adalberto, nomeou Marta Temido e, só assim, apesar de algumas resistências e hesitações, foi possível aprovar uma nova Lei de Bases da Saúde  que, no essencial respeita o legado de António Arnaut e possibilita salvar o SNS.

Maria de Belém e Adalberto Campos Fernandes que logo nos primeiros dias em que a nova ministra assumiu funções a invetivaram em reuniões no PS, desde então tudo têm feito para descredibilizar e minar a sua atuação. Usando a sua vasta rede de influências, conspirando nas catacumbas do PS ou insinuando críticas no espaço público os 'destacados socialistas' ocuparam-se nos últimos três anos a alimentar uma campanha insidiosa, sobretudo contra Marta Temido porque lhes é mais difícil afrontarem diretamente António Costa.

O momento mais grave da crise nacional pareceu-lhes o tempo oportuno para acentuarem o ataque. Anteveem provavelmente que face às dificuldades sanitárias atuais ser-lhes-á mais fácil cumprirem as suas vinganças mesquinhas e recuperarem a influência partidária que perderam.

Talvez até consigam mas isso não branqueia o seu vergonhoso comportamento nem a pequenez da sua dimensão ética. Comprovam apenas serem mais um triste exemplo do que há de pior na vida política e social do nosso país.




G
M
T
A função de fala é limitada a 200 caracteres

Uma comunicação social assassina

 


Deverá o próximo decreto presidencial sobre o estado de emergência incluir normas orientadoras e restritivas para a comunicação social?

Obviamente que não! A liberdade de expressão, nomeadamente a liberdade de imprensa, constitui um bem essencial que em nenhuma circunstância deve ser alienado. Os profissionais da comunicação social prestam um difícil serviço à comunidade que merece ser respeitado e valorizado. 

Mesmo nas mais duras circunstâncias há que resistir a tentações censórias e de condicionamento do trabalho dos jornalistas.

Assim sendo como é que se limitam os danos que o atual clima de terrorismo informativo está a impor aos portugueses? Como é que se contribui para reinstalar alguma seriedade informativa no destrambelhamento comunicacional que domina os mass media?

É que a atuação  presentemente assumida pelos órgãos de comunicação corporativos além do pânico que permanentemente instiga e dos consequentes prejuízos que causa à saúde mental dos cidadãos está a contribuir objetivamente para a desorientação e desresponsabilização social num plano que, iniludivelmente, acentua a perda de vidas.

Muitos fatores contribuíram para que se chegasse a este ponto. O resvalar para a constante manipulação da opinião pública, para o sensacionalismo desbragado, para a espetacularização de toda a realidade são processos que decorrem diretamente dos interesses e dos ideários dos patrões dos órgão de comunicação acentuados pela promoção que fazem da precariedade laboral e da mediocridade deontológica.

Perante a situação pandémica que se está a viver as consequências são mais graves e estão a atingir as raias do insuportável.

Seria possível travar uma qualquer guerra com toda a comunicação social a agir militantemente para pôr, hora a hora, em causa os objetivos, a estratégia, o comando, as orientações, a coordenação e as atuações dos envolvidos nos vários escalões da Defesa? A jogar, a todo o instante, com as ânsias de protagonismos individuais para semear desorientação, dividir esforços  e acicatar conflitualidades nas forças armadas? A inculcar nos cidadãos, por vezes às claras mas quase sempre de forma subliminar, a desconfiança, a descrença e a hostilidade face ao esforço e pesar que a guerra acarreta? 

Tal como uma guerra nessas condições seria insuportável também a atual batalha contra a pandemia está a ser constantemente sabotada por uma comunicação social que, além de outros atributos, evidencia níveis de irresponsabilidade inimagináveis.

O negócio das audiências, a subordinação aos interesses dos grandes grupos económicos,  o enformamento por padrões de referência cada vez mais medíocres e populistas não servem para 'justificar' a onda de terror que os mass media estão a arquitetar na opinião pública.

É verdade que neste panorama surreal há exceções e que ainda aparecem algumas peças jornalísticas dignas, que honram quem as produz e nos fazem recordar a elevada dignidade da profissão. Mas são exceções!

O que se constata nos media 24 horas por dia é (i) a prevalência do criticismo descontrolado e da desconfiança como a única atitude aceitável; (ii) a generalização e teatralização irresponsável de 'casos' pontuais  que se querem sempre o mais dramáticos possível; (iii) a espetacularização e linearização de toda uma realidade que é difícil, contraditória e complexa; (iv) a manipulação de opiniões individuais,  sejam estas  de populares, de profissionais ou de efémeros 'especialistas', sempre na tentativa de acentuar o medo, a descrença e a divisão; (v) a arrogância a raiar a má educação de demasiados jornalistas perante todos aqueles que não se conformem com as suas 'verdades' pré concebidas; (vi) a sobrevalorização ou descredibilização de pontos de vista diversos por forma a construir  e popularizar ideias únicas formatadas pelo querer dos decisores comunicacionais; (vii) a utilização de habilidades e truques para desvirtuar as mensagens,  ludibriar a perceção dos conteúdos e condicionar a leitura das realidades; (viii) a competição desenfreada entre os vários órgãos de comunicação na busca do sensacionalismo, do 'popularucho' e do simplismo mais fácil de vender às massas.

Tudo isto não é novo. Há muito que o processo de degradação comunicacional ocorre perante a passividade dos decisores democraticamente escolhidos pelos portugueses e com a evidente inoperância das entidades ditas 'reguladoras'  bem como das que deveriam zelar pela deontologia informativa.

Por ora, no quadro de 'guerra' em que estamos a viver,  vai-nos valendo a determinação do 'Estado-Maior', a paciência dos generais e, sobretudo, o bom senso e empenho dos soldados.

Bem hajam os trabalhadores da saúde que estão hora a hora na 'linha da frente' e ainda têm a paciência de desmontar mentiras, acalmar alarmismos, explicar dificuldades, mobilizar confiança e suscitar responsabilidades face a uns media nevróticos e obcecados pelas suas tristes batalhas de audiência para vender anúncios.

Até quando?!




Refletir para agir

 


As eleições presidenciais de hoje terminaram sem grandes surpresas. 

Os resultados exigem de todos os democratas uma leitura profunda e ponderada muito para lá das interpretações taticistas desta primeira noite. Uma leitura que se centre em linhas estruturantes e não apenas nas circunstâncias conjunturais e nos enviezamentos que as forças dominantes procuram promover.

Todavia algumas notas parecem possíveis de referir.  

Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito à primeira volta com uma elevada percentagem mas com menos votos do que pretendia necessário para a sua ambição de reerguer a direita partidária. `

O CDS, O PSD e o PS apressaram-se a 'tutelar' a vitória de MRS. Olhando para os votos que a extrema direita foi buscar ao CDS e ao PSD bem como aos resultados que as esquerdas obtiveram é credível que uma parte muito significativa dos votos em MRS tenha vindo de eleitores do PS. 

Não se pode ainda antever qual o objetivo e a consequência que a opção de António Costa terá. Servirá para neutralizar a autoproclamação de uma 'maioria presidencial' de direita? Servirá para enfraquecer a esquerda no PS, quebrar pontes progressistas  e abrir a próximos entendimentos do Partido com a direita? 

As esquerdas impediram a 'vitória simbólica' que a extrema direita reivindicaria caso tivesse ficado em segundo lugar.  Entretanto há quem tenha dúvidas sobre se o 'voto útil' que funcionou significativamente a favor de Ana Gomes se constitui como um voto seguro  para as mudanças políticas que são indispensáveis para barrar o crescimento das direitas.

É evidente que a direita económica tem várias preocupações pela frente uma das quais é a reorganização da direita política com capacidade bastante para defender eficazmente os seus interesses. Rui Rio apressou-se nesta noite a propôr, para isso, a reconstrução do 'centrão' enquanto outros apostam na criação de um bloco das direitas de matriz mais populista. Os resultados eleitorais não parecem ter ajudado muito a direita económica a superar a crise das direitas políticas para além de darem a MRS um papel determinante nesse processo.

Uma vez mais a campanha eleitoral evidenciou iniludivelmente que os mass media estão dominados pela direita. A noite eleitoral, em todos os canais televisivos, foi um surreal exercício de construção de realidades virtuais exclusivamente orientado para a manipulação dos portugueses conforme as várias sensibilidades dos comentadores e 'jornalistas' todos (com uma simbólica exceção) ao serviço da direita. Ver a TVI a projetar Mayan em quarto lugar e Paulo Portas a destacá-lo como um dos 'dois vencedores da noite' diz bem do atual mundo comunicacional português sobretudo quando registamos que aquele pouco mais votos teve do que Vitorino Silva. 

O facto de a comunicação social estar praticamente toda sob o domínio da direita económica e despudoradamente  manipular a favor da direita política é um dos mais graves problemas da democracia portuguesa.

Entretanto a História e a Política têm dinâmicas que decorrem de razões muito mais profundas e poderosas do que os jogos de influência eleitoral e do manobrismo politqueiro que constituem a 'espuma dos dias' com que os mass media nos entretêm e condicionam. 

É nesse plano que tudo está em aberto e pouco se modificou com estas eleições.





Astrazeneca e o que mais importa

  O "tema sensação" destes dias é o das vacinas. Trata-se de saber como é que estão, ou não estão, a ser distribuídas ? Questi...