Astrazeneca e o que mais importa

 

O "tema sensação" destes dias é o das vacinas.
Trata-se de saber como é que estão, ou não estão, a ser distribuídas ?

Questiona-se como é que alguns países açambarcam o grosso das vacinas disponíveis e outros não conseguem aceder aos produtos indispensáveis para salvar os seus cidadãos?

Analisa-se a natureza, dimensão e eficácia da Covax? Fala-se, sequer, disso?

Reflete-se sobre as causas do falhanço da iniciativa da UE para monopolizar e gerir a compra de vacinas?

Debate-se a razão do boicote que a UE está a fazer à compra de outras vacinas que não aquelas poucas que pretendeu privilegiar?

Discute-se que medidas devem (ou não podem?) ser adotadas por Portugal para superar a incapacidade da UE?

Reflete-se sobre a questão essencial de saber até que ponto a salvaguarda da saúde das pessoas pode continuar  refém do negócio da 'Big Pharma' ou se as patentes devem ser libertas para que todos os povos sejam defendidos e constituam barreira ao futuro desenvolvimento da doença?

 

Nada disso! O que alimenta as televisões e os jornais corporativos é o confuso assunto dos efeitos adversos de uma determinada vacina. 

O folhetim Astrazeneca tem tudo para entusiasmar audiências durante uns dias e ofuscar a abordagem de temas mais importantes.

Não falta a confusão, a manipulação e o espaço para as mais variadas teorias (algumas da conspiração e outras nem tanto).

Há mesmo espaço para o hilariante oportunismo da extrema-direita com o Partido 'aventura' a pôr-se em bicos dos pés para culpar a ministra Marta Temido (eles sabem bem quem querem caluniar...) pelas "pelas potenciais consequências devastadoras que a administração desta vacina tenha na população portuguesa"

Ninguém até hoje sabe dizer qual o prazo de imunização das vacinas mas, entretanto, está criado o alarme público face a uma percentagem imensamente baixa de reações adversas em algumas pessoas vacinadas . Comparativamente, por exemplo, as reações adversa à toma da pílula anticoncecional são muito superiores ao que está a suceder com as vacinas anti-Covid19.

Curiosamente o "drama" político-mediático centrou-se apenas na vacina da Astrazeneca. Sobre ela as informações, as confusões e as contradições são imensas.

Todavia os dados disponíveis não parecem fundamentar esta atenção centrada numa vacina ainda que, depois de instalado o pânico, os registos de reações adversas à Astrazeneca tenham duplicado na União Europeia.

Os dados objetivos, até ao início da campanha contra a Astrazeneca, não indiciavam uma situação pior desta face às outras vacinas Aliás, em Portugal, esta vacina continua a ter uma percentagem menor de reações adversas do que as da Pfizer ou da Moderna

 

 

in Observador

 

Veremos os acontecimentos vindouros do folhetim.

Para já algumas coisas podemos perceber:

  • A desconfiança geral face às vacinas contra o Covid19 aumentou exponencialmente
  • A vacina da Astrazeneca está consideravelmente desacreditada
  • As recusas em tomar a vacina da Astrazeneca aumentaram bastante
  • A vacina da Astrazeneca é das três 'impostas' pela UE a mais barata e com menos exigências de transporte e conservação.
  • A vacina da Astrazeneca é uma das mais vendidas até ao momento.
  • Os lucros da vacina da Astrazeneca vão essencialmente para o Reino Unido.

 

Alguma perguntas perecem legítimas:

  • O alarmismo instalado justifica-se por comparação com os efeitos adversos quer de outras vacinas quer de muitos outros medicamentos ?
  • Que guerras financeiras e outros interesses estão por detrás da 'preocupação' com a vacina da Astrazeneca?
  • No combate a um problema de saúde destas dimensões é legítimo que o lucro de muito poucos prevaleça sobre o direito à vida e à saúde de todos ?
  • Quantos milhões de pessoas irão ainda morrer para defesa dos privilégios da 'Big Pharma'?
  • Quantos mais países, inclusive europeus, vão comprar outras vacinas (comprovadamente eficazes, mais acessíveis e mais baratas) até que o Governo português perceba que não ganha nada em querer continuar a ser o 'bom e obediente aluno' da UE?
  • Quando é que os media começam a mostrar o que é importante e não apenas a manipular com o que é acessório?

Astrazeneca e o que mais importa

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